Como o minério de ferro extraído na Amazônia se tornou a grande aposta da Vale

Plano da mineradora inclui investimento de US$ 2,7 bilhões para expandir a produção na mina S11D, em Carajás, que pode fornecer fornecer 260 milhões de toneladas

Esteiras para transportar minério reduzem a necessidade de usar caminhões
Por Mariana Durão
21 de Maio, 2023 | 10:57 AM

Bloomberg — A Vale (VALE3) avança com um investimento de US$ 2,7 bilhões para expandir a produção de ferro na Amazônia, apostando que a demanda por minério de alta qualidade permanecerá forte em um mercado global mais fraco.

Na maior e mais rica mina a céu aberto de minério de ferro do mundo, esculpida nas montanhas da floresta de Carajás, a Vale está a caminho de adicionar 30 milhões de toneladas métricas de capacidade, informou a empresa durante uma visita ao local.

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O trabalho na mina S11D faz parte de um plano para poder fornecer 260 milhões de toneladas a partir de suas operações no norte em 2025.

A mina S11D de US$ 14 bilhões e outras próximas são a grande aposta da Vale para ficar à frente da concorrência em um mercado onde os preços futuros caíram com a menor demanda das siderúrgicas chinesas. No entanto, mesmo nesse ambiente, o minério de maior qualidade é mais valorizado e é negociado com um prêmio sobre a cotação internacional

O maior teor de ferro no minério extraído do rico solo de Carajás ajuda a reduzir a quantidade de combustíveis fósseis necessária para produzir aço, à medida em que o mundo se esforça para descarbonizar sua economia.

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Ainda assim, o custo do aço mais limpo é um cenário que lembra Marte em meio à Amazônia. As operações da Vale ocupam pouco mais de 2% do mosaico verde, que também abriga comunidades indígenas como os Xicrin.

Projeto de US$ 2,7 bilhões

Para compensar o impacto da mineração na Amazônia, o S11D usa escavadeiras elétricas, correias transportadoras em vez de caminhões e britadores móveis, o que reduz o consumo de diesel em 60%, segundo a empresa.

A Vale também apoia os esforços de conservação das autoridades ambientais, como o monitoramento da mineração ilegal.

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As obras no S11D, localizado na chamada Serra Sul, faz parte da abordagem de valor sobre o volume da Vale, que vem desviando o foco das minas mais maduras e de baixo teor em Minas Gerais, nos chamados Sistemas Sul e Sudeste da empresa.

A mineradora tornou-se um importante fator de oscilação para o mercado de minério de ferro depois que o desastre da barragem de Brumadinho, em 2019, interrompeu suas operações e fez a Vale ficar atrás da Rio Tinto no ranking de produtores da commodity.

A Vale abandonou recentemente um esforço para voltar aos níveis pré-desastre, mas continua a construir sua capacidade na região Norte, que no ano passado respondeu por 60% da produção.

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Na mina S11D, a Vale obteve as licenças ambientais para avançar com obras que incluem a instalação de um segundo Transportador de Correia de Longa Distância (TCLD) de 9,5 quilômetros, uma quarta unidade de beneficiamento e a duplicação de parte de uma ferrovia de 900 quilômetros que leva minério ao porto de Ponta da Madeira, no Maranhão.

Um projeto separado, chamado Gelado, vai transformar resíduos de mineração em material de alta qualidade, com o foco em reposição de capacidade perdida.

A Vale ainda precisará investir em logística para poder transportar esse minério adicional no S11D, já que a Estrada de Ferro Carajás deverá ter capacidade para 240 milhões de toneladas até lá.

A história é diferente na vizinha Serra Norte, onde a mineração começou na década de 1980. As operações vêm sofrendo com depleção da produção nos últimos anos, com o minério se esgotando numa velocidade maior do que a da Vale para abrir novas frentes para minerar.

“A última licença que obtivemos autorizando uma nova lavra foi na mina Morro 1, em 2019″, disse João Falcão, diretor de operações da Serra Norte.

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